quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Uma menina de rua que venceu




Ontem fui fazer um trabalho de macramê e não consegui acertar o ponto. Fiz esse curso há uns dois anos atrás. Moro perto da associação onde aprendi. E ontem era exatamente o dia das aluna e os trabalhos que estavam fazendo.
Uma senhora me chamou a atenção e fui perto dela ver o seu trabalho. Ela logo mostrou uma toalha linda, bordada de vagonite, logo lhe falei que fazia oitinho e se ela conhecia. Ficamos conversando. E ela começou a falar de sua vida e começou assim: Morei na rua do Recife. Meu pai me batia muito; perdi minha mãe com nove anos; minha madrinha me internou num colégio de freiras o Damas e lá aprendi todo tipo de bordado e pintura; na rua nunca fiz nada de errado, só morava por não ter para onde ir; casei e não fui muito feliz meu marido bebia demais, mas vivi até o fim; ele deixou o álcool e ficou quatro anos acamado e morreu.; tenho dois filhos um deles está preso por ter matado a mulher, pois a amava demais e descobriu a traição; eu bordava muito enxovaIs de bebê e fazia sempre à noite; tenho setenta e quatro anos e venho de um bairro longe estudar macramê etc etc.
Fiquei encantada com seu relato, sua vitória frente ao desprezo e a sua moradia na rua tendo sobrevivido. Isto me remete aos dias de hoje, pois as crianças que estão nas ruas poucas conseguem enveredar por caminhos retos. Talvez por não se encontrar com uma “madrinha” ou quem sabe o número é tão grande que preferimos de chamá-los de marginais e culpá-los pela situação em que vivem. Temos até a ousadia de sentir raiva e desprezo por eles.
Claro que os tempos mudaram e as famílias estão cada vez mais desestruradas. Jogam sua prole ao Léo e vão em busca dos prazeres e do modismo que invade a camada C.  é triste, mas é a grande realidade hoje.
Mas aquela mulher me impressionou e vou ma vezes visitá-la mesmo que na aula, mas vale a pena conversar com ela.

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